Ultimate Circus - Realizado por Yago Gunchorowski Torres/ Rio Grande do Sul
Deitado sobre minha cama eu apenas conseguia pensar naquele meu “sonho”. Sonho este que eu usava como forma de consolo para minha tristeza; fazia com que eu esquecesse toda e qualquer coisa que estava ao meu redor. Alguns pensamentos negativos viam a minha cabeça antes de dormir, era algo normal em minha vida, eram dolorosos de certa maneira, mas ainda assim era bom de pensa-los. Decido resolvi buscar um final feliz para minha tristeza e então tomei coragem e saí de casa.
Eu já não podia mais voltar atrás, eu estava decidido e já estava indo em direção a um novo destino, algo que eu já devia ter feito há muito tempo. A partir deste dia, finalmente é o inicio da verdade, para que eu finalmente seja eu mesmo, preciso continuar a correr com todas as minhas forças. Mesmo que tudo que eu toque apodreça, mesmo que ninguém permaneça ao meu lado para me apoiar. Para o lugar aonde vou, encontrarei o “coração” que preciso e somente isto me importa agora.
Você deve estar se perguntando qual o motivo de tal sofrimento. Sim, este sofrimento sempre volta a mim quando olho para a lua. Quando olho para ela lembro-me de um amor. Foi um final infeliz, confesso. Mas mesmo assim, foi um final do qual lembro-me todas as noites. Quando o telefone toca ainda tenho esperanças de ouvir aquela doce e suave voz. Mesmo que eu diga e sinta isto, mesmo que eu grite que ainda a amo, eu não poderia chegar até ela. Meu amor só a faz infeliz...
Olhei para o céu; estava nublado e feio, parecia que sentia a mesma tristeza que eu. Começou a chover, mas não nos céus. Minhas lágrimas que caíam como as tempestades que decaí sobre a cidade; anseia-se por aquela jovem. Estiquei minha mão direita em direção à lua. Confesso que sinto como se a distância entre mim e ela, fosse igual entre mim e a Maria Fechei minha mão forte. Dei um sorriso amarelo. Passei a mão sobre os cabelos ajeitando-os e logo continuei minha caminhada.
Estou deixando a cidade que eu amo para ir a um lugar distante. Eu não posso olhar para trás, somente para frente onde meu sonho está. Mesmo que ao final eu não seja recompensado, a única coisa que me interessa agora é perseguir este objetivo. Sinceramente não acredito que terei um futuro muito claro, mas mesmo assim consigo ver por dentre a escuridão de meu destino uma estrada que me liga ao algo; liga-me a minha amada. Mesmo sentindo que não poderei alcançar aquele sonho, que tudo que estou fazendo é em vão. Mesmo percebendo a quantidade de lágrimas crescendo dentro de mim, não posso me dar por vencido. Acho que estou amadurecendo.
Lembro-me de como tudo começou. Eu estava no centro da cidade, sentindo como se nem os céus quisessem que eu alcançasse meus sonhos. Sentindo como que se mesmo rezando aos céus eles me recusariam. Eu realmente estava caminhando sem rumo, como uma criança que se perde de sua mãe; bati em uma pessoa e nós dois caímos; senti algo estranho quando olhei a pessoa que estava a minha frente. Seus olhos castanhos pareciam buscar as palavras certas para desculpar-se, seus cabelos levemente louros, escondidos por uma touca preta, eram lindos de observar. Encarei aquela garota e dei um sorriso sem jeito e logo disse:
Ela me encarou rapidamente, e vi em seus olhos algo que eu buscava. Felicidade. Seus olhos traziam consigo muito mais que a felicidade, trazia a inocência, dois sentimentos dos quais eu já não sabia o que era. Confesso que sou por muitas vezes uma pessoa depressiva, poucas vezes sorrio por prazer, mas ao ver seus olhos castanhos dei um sorriso de felicidade, um pouco sem jeito, mas de felicidade. A menina pegou suas coisas, deu um leve sorriso e foi embora. Acho que ela não deu bola para um estranho como eu, mas eu estava completamente apaixonado por aqueles olhos. Talvez seja clichê falar em amor a primeira vista, mas foi o que senti naquele momento. Mas não pense que parou por ai. No dia seguinte me encontrei com a garota novamente, desta vez no mercado da cidade. Ela parecia estar comprando ingredientes para uma receita deliciosa. Aproximei-me dela perguntando sobre alguns ingredientes que ela tinha escolhido. Adorava cozinhar, ainda adoro. Ela pareceu gostar de conhecer alguém como eu. Começamos a conversar, em meio de palavras e risadas o tempo passou e percebemos que já estava tarde. Quando nos despedimos ela me deu um aviso:
Definitivamente eu não fazia ideia do que era aquilo, mas a julgar pelo nome acreditei ser apenas mais um circo bobo. Cada um foi para um lado e eu decidi ir buscar mais informações sobre o tal evento. Busquei em todos os comércios daquela pequena cidade que eu vivia e todos me diziam que era apenas um circo sem graça. Mesmo eu não gostando muito deste tipo de entretenimento decidi comprar os ingressos, apenas para ver os olhos daquela jovem moça novamente.
Finalmente chegou o dia em que ia ter a apresentação da Ultimate Circus. Peguei meu ingresso que tinha gravado os números 36.7 e fui em direção ao local do evento. Caminhei apressadamente, não via a hora de chegar naquele lugar apenas para vê-la novamente. Sim, confesso que estava perdidamente apaixonado. Os céus começavam a se colorir de ruivo. Estávamos entrando no crepúsculo, mas mesmo assim continuei indo até o local. Olhei de longe e vi aquela doce donzela. Sorri de felicidade mais uma vez. Mas como de praxe eu não parecia ter sido feito para a felicidade. Lágrimas de agonia começaram a transbordar de meus olhos. Sim, grandes coisas havia me machucado. Meu coração balançou freneticamente e fez-me parar no mesmo lugar que estava. Assim como o céu é confundido pela ilusão da lua no dia, meu coração também foi iludido em meio a manjas ruivas do céu. Apertei meu punho direito e me virei correndo o mais rápido possível para sair daquele lugar. O que eu havia visto para me deixar assim? Apenas ela abraçada a outro homem. Não consegui suportar não ter dito que a amava antes daquilo. Talvez eu nem a amasse verdadeiramente até então, afinal dizem que só ligamos para algo quando o perdemos. Mas pela dor que senti naquele momento; como se um punhal fosse atravessado em meu coração. Bem se isto era amor ou não, eu só não queria senti-lo novamente.
Fui até a sacada de minha casa na madrugada, eu não conseguia dormir de forma alguma; aquela imagem vinha a minha cabeça apenas para me atormentar e continuam assim até hoje. Desde aquele dia mudei meu estilo de viver e de ser, mas mesmo assim não mudei quem eu realmente sou e por isso estou caminhando rumo ao meu sonho.
Minha viagem fez com que eu chegasse a uma nova cidade, onde ela realmente morava. Vizinha de onde eu morava, mas mesmo assim muito diferente. Uma cidade onde interesses positivos ficam impuros. Uma cidade onde todos os visitantes são considerados imundos. Mesmo com tantas pessoas me olhando e me julgando como um “imundo”, meu peito não sentia esta dor, pois ele já tinha uma dor muito mais profunda cravada em seu interior. Eu estava apenas andando em um caminho espinhoso. Não podia dizer para ninguém minhas intenções naquela cidade, seria ridículo eu confesso. Eu mais parecia uma criança chorona sem a mãe do que um apaixonado seguindo sua amada. Será que nem que eu gritasse não poderia encontrá-la? Isto sempre passa por minha cabeça e fica repetindo-se. Em meio aquela cidade eu só pensava em ir embora logo, mas se eu fosse eu ficaria sozinho até meus últimos momentos sem nem ao mesmo tentar?
Em meio aquele frio de inverno que eu estava sentido, sozinho sob o asfalta frio, eu lembrava o seu calor, o seu rosto. Novamente tentei não chorar. Realmente concordo em dizer que era mais fácil eu desistir do que encontrá-la. Já era noite e eu não fazia a mínima ideia de onde encontrá-la. Eu estava apenas rondando em um verdadeiro absurdo. Encontrar alguém que eu não via há meses em uma cidade a qual eu não conhecia nada? Realmente eu só estava perdendo tempo da minha vida. Realmente já era hora de voltar para a minha cidade. A única coisa que passava pela minha cabeça era que meu amor nunca teria um final feliz.
Finalmente cheguei a minha cidade, eu saí da cidade vizinha na noite passada e cá estou no centro da cidade que vivo. O frio continua pesado por aqui, mas não me importo; gosto do frio na verdade. Sob o céu onde tudo começou; onde as nuvens passam calmamente o vento fazia-me olhar para o horizonte ao meu lado. Finalmente eu vi meu sonho ao meu alcance; não podia deixar que ele escapasse desta vez, mas aquele sentimento voltou para me incomodar; um sentimento que eu pensava que carregaria para sempre. Mas foi naquele instante que decidi não largar o meu sonho e gritei:
Parecia até que eu estava alcançando o céu, mas ainda assim não conseguia ver as estrelas; corri em direção a ela. Sim em direção ao sonho que eu almejava desde aquele dia. Um sonho que era apenas você minha amada. Perseguindo aquela estrela que iluminava meu coração. Segurei a mão dela e ela sorriu para mim, aproximei de seus lábios com os meus e a beijei; ela retribuiu o beijo e logo que nos afastamos; após um longo beijo eu falei para ela bem baixinho, sussurrando:
Ela sorriu novamente. Eu sorri de felicidade e abracei-a não me importante com o que ela diria. Todavia ela respondeu a minha sentença com sua voz doce e suave, sussurrando em meu ouvido.
Apertei-a mais forte, não queria mais soltá-la e então sorri; olhei para os céus; aquele mesmo céu do dia em que nos conhecemos; naquele mesmo lugar onde as nuvens passavam lentamente o vento colocou nós dois juntos novamente e desta vez eu não irei deixar que este sonho escape.
( nota: eu adorei essa fic , ficou muito boa, Parabéns)
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